Igor Vidor, Besta-fera, 2019.
2022. Igor Vidor
Rebote indomável
Texto crítico publicado na revista seLecT sobre o exílio político do artista brasileiro na Alemanha após criticar instituições de poder brasileiras
WEB
Texto crítico publicado na revista seLecT sobre o exílio político do artista brasileiro na Alemanha após criticar instituições de poder brasileiras
WEB
Igor Vidor retoma seus vínculos com o país depois de exílio na Alemanha por ameaças de morte ao criticar instituições de poder brasileiras
Todo o caos começou em 2018. Naquele ano, Igor Vidor, após sólida trajetória de pesquisa, inaugura na Galeria Leme, em São Paulo, a mostra individual Heróis Nunca Celebram Vilões – Heróis Apenas Celebram Vilões. Os trabalhos da exposição realizada, assim como a pesquisa atual do artista, escancaram dinâmicas de ultraviolência entre a Segurança Pública e as milícias no Rio de Janeiro, sobretudo a morte de jovens marginalizados e a relação entre o tráfico de drogas, figuras políticas e instituições de poder.
Era o ano de umas das eleições mais importantes da história do país, em que a onda conservadora ganhava força exponencial por meio da adulteração de mecanismos de informação, do negacionismo científico e do preconceito, entranhado em muitos brasileiros, que podia ser expresso pela primeira vez sem risco de retaliação. Em outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turno eleitorais, Vidor recebeu sucessivas ameaças de morte feitas virtualmente – os primeiros ataques vieram por Instagram, seguidos de invasão de suas contas em outras plataformas e, por fim, centenas de e-mails. As ameaças se seguiram à grande reverberação dos trabalhos apresentados na exposição e à enfática denúncia nas redes sociais e em falas públicas sobre os políticos vinculados a milícias. Importante recordar que, alguns meses antes, a vereadora Marielle Franco fora assassinada junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, na região central do Rio de Janeiro. Além disso, houve o planejamento do assassinato do deputado federal Marcelo Freixo por uma milícia carioca, cuja comunicação foi interceptada pela Polícia Federal, o que impediu o plano.
Cercado, o artista precisava sair do Brasil. Em entrevista à seLecT, Vidor conta que havia contratado um profissional de tecnologia da informação, em outubro de 2018, que conseguira rastrear o intimidador: um miliciano do Rio de Janeiro que, temendo a retaliação de outros integrantes da quadrilha e, sobretudo, a apresentação, pelo artista, de provas contundentes que o identificariam, tentou manter-se anônimo, embora a mesma milícia tenha voltado a fazer ameaças em 2020.
Vidor foi aconselhado a procurar a Martin Roth Initiative, programa promovido pelo Instituto de Relações Exteriores da Alemanha e pelo Instituto Goethe, que consiste de bolsas para deslocamento com o objetivo de oferecer proteção política a artistas em risco no mundo todo. Depois de um desnorteante processo burocrático, além da atmosfera das ameaças, foi assim que o artista conseguiu sair do Brasil e se abrigar na Alemanha – o processo demorou quase um ano, conseguindo partir em julho de 2019.
Sua estadia na Europa resultou em pesquisas em indústrias bélicas alemãs, inclusive rastreando o tráfico de armas que compunham o arsenal das polícias e das milícias latino-americanas. Desde a sua chegada a Berlim, realizou quatro exposições individuais, com destaque para Igor Vidor (2021), no IBB-Video Space, programa de sessões audiovisuais do Museu de Arte Moderna de Berlim; Violence as Commodities (2021), no LOAF – Laboratory of Art and Form, em Kyoto, Japão; e Allegory of Terror (2020), no Künstlerhaus Bethanien, em Berlim; e participou da coletiva Against Again: Art Under Attack in Brazil (2020), no John Jay College of Criminal Justice, em Nova York. Essa última resultou em mais ameaças, da mesma milícia que fez Vidor sair do Brasil, cujos integrantes foram a seu endereço antigo no Rio de Janeiro e ameaçaram o porteiro, de acordo com o artista.
Atualmente, Vidor participa da residência Pro Helvetia, na Suíça, um dos mais importantes programas mundiais dessa natureza, mantido pela Fundação Suíça para a Cultura. O artista tem desenvolvido suas pesquisas sobre aramida, um tipo específico de tecido à prova de balas usualmente utilizado em fardas militares e em carros blindados. Sobre esse tecido, do qual o mercado brasileiro é um dos principais consumidores, Vidor realiza inserções de imagens por meio de impressão ultravioleta e interferências com bordados em tramas têxteis não-usuais – como nos trabalhos expostos na Haus der Statistik, em Berlim, em 2021. O artista denuncia um ciclo perverso em que, pelo desenvolvimento tecnológico da aramida e dos projéteis, as dinâmicas de ataque e defesa tornam-se mais sofisticadas e letais. E escancara a discrepância de realidade entre os que compram carros blindados e os que lidam com os projéteis no dia-a-dia, acentuando a polarização social.
A pesquisa de Vidor tem como foco as dinâmicas contemporâneas de violência, crime, poder e resistência no Brasil, operadas e perpetuadas desde a colonização europeia. Em sua produção recente, reverberam questões críticas da pesquisa do artista sobre as instituições de poder no Brasil por meio do estudo de centenas de distintivos de polícias militares e de operações especiais. Esses emblemas fundem tradições europeias da heráldica e certa selvageria atrelada à fauna brasileira, conscientemente reportando-se à tradição e ao medo.
Essas composições quiméricas e bestiais feitas por Vidor – como em Besta-Fera (2019) – materializam-se em esculturas com imagens de animais considerados perigosos, impressos em aramida à prova de balas e estruturas de aço e solda metálica. Os trabalhos da série Alegoria do Terror (2020), expostos na Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, junto de um panorama de obras anteriores, problematizam uma perspectiva europeia sobre pessoas e territórios brasileiros representados e enxergados como agentes a serem domados.
Nas pesquisas desenvolvidas na Alemanha, o artista se debruçou sobre a história de uma indústria familiar alemã que desenvolveu mecanismos de disparo automático para armas que, posteriormente, foram incorporadas às polícias e milícias brasileiras. As primeiras pistolas dessa indústria chegaram às forças brasileiras logo após a Proclamação da República, sendo usadas pela primeira vez na Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897; armas da mesma empresa foram usadas no massacre do Carandiru, em 1992, e nos assassinatos da vereadora Marielle Franco, em 2018, e de Rodrigo do Nascimento, amigo pessoal de Vidor, em 2016. Pela velocidade do maquinário de disparo automático e por uma necessidade de se reposicionar no mercado, a mesma indústria adaptou o produto para motores de máquinas de costura, que perfuram o tecido centenas de vezes por minuto.
Vidor entende a indústria bélica – lado a lado com o racismo e a corrupção do conceito de justiça – como uma praga europeia trazida ao Brasil, que fincou profundas raízes em uma sociedade desigual, mantida por mecanismos de poder e opressão. Segundo a leitura do artista, essa lógica redunda, com o passar do tempo, em uma “sociedade de urgência”, em que o principal alvo a combater é a própria violência, em vez de se investigarem os intricados processos que geram a marginalização de pessoas e sua subsequente conexão com o crime e a violência. Dessa forma, a figura estrangeira do “justiceiro” – ou outro arquétipo qualquer dotado do poder supremo de um homem e da bestialidade e da força animais – tenta resolver um problema que é muito mais complexo do que aniquilar os criminosos. Contraditoriamente, esse justiceiro usa da própria violência para combater a violência, colocando-nos “diante da consciência de que se desenhou uma horizontalidade entre o herói e o vilão”, como escreve o curador Marcelo Campos no texto da exposição de 2018.
Ao levar às últimas consequências as suas pesquisas sobre as estruturas de poder e violência no Brasil, Vidor também consolida um pensamento crítico acerca da visão academicista e historiográfica da arte brasileira. Como se sabe, sobretudo a partir do século 18, artistas e outros profissionais europeus foram enviados ao Brasil por comitivas ibéricas para registrar o esplendor e a força da natureza, por meio de desenhos e textos. As comunidades nativas indígenas e os prisioneiros africanos escravizados eram frequentemente retratados mais próximos às imagens de animais do que de humanos, sempre em uma posição hierárquica inferior, expressão evidente da visão racista e xenofóbica. Essas dinâmicas se repetem na sociedade brasileira contemporânea, em que a visão que marginaliza se mantém e se afia.
A partir de densa pesquisa histórica, Vidor propõe intervenções sobre algumas das gravuras produzidas no século 19, por Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1869) e Johann Baptist von Spix (1781-1826), como forma de denúncia e resistência para lidar com esses problemas sociais, em que a bestialidade, a violência, a alegoria, o poder e o hibridismo são pontos fundamentais. O artista insere em reporduções dessas gravuras históricas a imagem do Batman – como o estereótipo de justiceiro e vigilante combatente do crime – e de Blanka – personagem do jogo Street Fighter, muito difundido no Brasil, que é símbolo de bestialidade, força e medo.
Esses trabalhos são apresentados pela primeira vez na exposição Contramemória, no Theatro Municipal de São Paulo, cujo vernissage aconteceu ontem, 18/4, e que está aberta ao público a partir de hoje. Com curadoria de Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, a exposição propõe uma revisão crítica sobre o contexto cultural da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada há exatos 100 anos no mesmo Theatro Municipal, e fica em cartaz até 5/6.
Em seu restabelecimento de vínculos com o Brasil, Vidor passa a trabalhar com a galeria Verve, em São Paulo [a galeria divulgou hoje, em suas redes sociais, a nova representação]. O artista planeja, inclusive, um retorno físico ao Brasil em breve, com projeto de instalar um ateliê com Jaime Lauriano em São Paulo, sua dupla no duo artístico Silêncio Coletivo. O duo realiza atualmente a exposição Paraíso da Miragem, na Kubikgallery (Porto), com trabalhos desenvolvidos nos últimos dois anos por Lauriano e Vidor acerca de traumas e violências na história do Brasil. A mostra em Portugal fica em cartaz até 18/6.
Texto originalmente publicado na seLecT, em 19 de abril de 2022
Todo o caos começou em 2018. Naquele ano, Igor Vidor, após sólida trajetória de pesquisa, inaugura na Galeria Leme, em São Paulo, a mostra individual Heróis Nunca Celebram Vilões – Heróis Apenas Celebram Vilões. Os trabalhos da exposição realizada, assim como a pesquisa atual do artista, escancaram dinâmicas de ultraviolência entre a Segurança Pública e as milícias no Rio de Janeiro, sobretudo a morte de jovens marginalizados e a relação entre o tráfico de drogas, figuras políticas e instituições de poder.
Era o ano de umas das eleições mais importantes da história do país, em que a onda conservadora ganhava força exponencial por meio da adulteração de mecanismos de informação, do negacionismo científico e do preconceito, entranhado em muitos brasileiros, que podia ser expresso pela primeira vez sem risco de retaliação. Em outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turno eleitorais, Vidor recebeu sucessivas ameaças de morte feitas virtualmente – os primeiros ataques vieram por Instagram, seguidos de invasão de suas contas em outras plataformas e, por fim, centenas de e-mails. As ameaças se seguiram à grande reverberação dos trabalhos apresentados na exposição e à enfática denúncia nas redes sociais e em falas públicas sobre os políticos vinculados a milícias. Importante recordar que, alguns meses antes, a vereadora Marielle Franco fora assassinada junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, na região central do Rio de Janeiro. Além disso, houve o planejamento do assassinato do deputado federal Marcelo Freixo por uma milícia carioca, cuja comunicação foi interceptada pela Polícia Federal, o que impediu o plano.
Cercado, o artista precisava sair do Brasil. Em entrevista à seLecT, Vidor conta que havia contratado um profissional de tecnologia da informação, em outubro de 2018, que conseguira rastrear o intimidador: um miliciano do Rio de Janeiro que, temendo a retaliação de outros integrantes da quadrilha e, sobretudo, a apresentação, pelo artista, de provas contundentes que o identificariam, tentou manter-se anônimo, embora a mesma milícia tenha voltado a fazer ameaças em 2020.
Vidor foi aconselhado a procurar a Martin Roth Initiative, programa promovido pelo Instituto de Relações Exteriores da Alemanha e pelo Instituto Goethe, que consiste de bolsas para deslocamento com o objetivo de oferecer proteção política a artistas em risco no mundo todo. Depois de um desnorteante processo burocrático, além da atmosfera das ameaças, foi assim que o artista conseguiu sair do Brasil e se abrigar na Alemanha – o processo demorou quase um ano, conseguindo partir em julho de 2019.
Sua estadia na Europa resultou em pesquisas em indústrias bélicas alemãs, inclusive rastreando o tráfico de armas que compunham o arsenal das polícias e das milícias latino-americanas. Desde a sua chegada a Berlim, realizou quatro exposições individuais, com destaque para Igor Vidor (2021), no IBB-Video Space, programa de sessões audiovisuais do Museu de Arte Moderna de Berlim; Violence as Commodities (2021), no LOAF – Laboratory of Art and Form, em Kyoto, Japão; e Allegory of Terror (2020), no Künstlerhaus Bethanien, em Berlim; e participou da coletiva Against Again: Art Under Attack in Brazil (2020), no John Jay College of Criminal Justice, em Nova York. Essa última resultou em mais ameaças, da mesma milícia que fez Vidor sair do Brasil, cujos integrantes foram a seu endereço antigo no Rio de Janeiro e ameaçaram o porteiro, de acordo com o artista.
Atualmente, Vidor participa da residência Pro Helvetia, na Suíça, um dos mais importantes programas mundiais dessa natureza, mantido pela Fundação Suíça para a Cultura. O artista tem desenvolvido suas pesquisas sobre aramida, um tipo específico de tecido à prova de balas usualmente utilizado em fardas militares e em carros blindados. Sobre esse tecido, do qual o mercado brasileiro é um dos principais consumidores, Vidor realiza inserções de imagens por meio de impressão ultravioleta e interferências com bordados em tramas têxteis não-usuais – como nos trabalhos expostos na Haus der Statistik, em Berlim, em 2021. O artista denuncia um ciclo perverso em que, pelo desenvolvimento tecnológico da aramida e dos projéteis, as dinâmicas de ataque e defesa tornam-se mais sofisticadas e letais. E escancara a discrepância de realidade entre os que compram carros blindados e os que lidam com os projéteis no dia-a-dia, acentuando a polarização social.
A pesquisa de Vidor tem como foco as dinâmicas contemporâneas de violência, crime, poder e resistência no Brasil, operadas e perpetuadas desde a colonização europeia. Em sua produção recente, reverberam questões críticas da pesquisa do artista sobre as instituições de poder no Brasil por meio do estudo de centenas de distintivos de polícias militares e de operações especiais. Esses emblemas fundem tradições europeias da heráldica e certa selvageria atrelada à fauna brasileira, conscientemente reportando-se à tradição e ao medo.
Essas composições quiméricas e bestiais feitas por Vidor – como em Besta-Fera (2019) – materializam-se em esculturas com imagens de animais considerados perigosos, impressos em aramida à prova de balas e estruturas de aço e solda metálica. Os trabalhos da série Alegoria do Terror (2020), expostos na Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, junto de um panorama de obras anteriores, problematizam uma perspectiva europeia sobre pessoas e territórios brasileiros representados e enxergados como agentes a serem domados.
Nas pesquisas desenvolvidas na Alemanha, o artista se debruçou sobre a história de uma indústria familiar alemã que desenvolveu mecanismos de disparo automático para armas que, posteriormente, foram incorporadas às polícias e milícias brasileiras. As primeiras pistolas dessa indústria chegaram às forças brasileiras logo após a Proclamação da República, sendo usadas pela primeira vez na Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897; armas da mesma empresa foram usadas no massacre do Carandiru, em 1992, e nos assassinatos da vereadora Marielle Franco, em 2018, e de Rodrigo do Nascimento, amigo pessoal de Vidor, em 2016. Pela velocidade do maquinário de disparo automático e por uma necessidade de se reposicionar no mercado, a mesma indústria adaptou o produto para motores de máquinas de costura, que perfuram o tecido centenas de vezes por minuto.
Vidor entende a indústria bélica – lado a lado com o racismo e a corrupção do conceito de justiça – como uma praga europeia trazida ao Brasil, que fincou profundas raízes em uma sociedade desigual, mantida por mecanismos de poder e opressão. Segundo a leitura do artista, essa lógica redunda, com o passar do tempo, em uma “sociedade de urgência”, em que o principal alvo a combater é a própria violência, em vez de se investigarem os intricados processos que geram a marginalização de pessoas e sua subsequente conexão com o crime e a violência. Dessa forma, a figura estrangeira do “justiceiro” – ou outro arquétipo qualquer dotado do poder supremo de um homem e da bestialidade e da força animais – tenta resolver um problema que é muito mais complexo do que aniquilar os criminosos. Contraditoriamente, esse justiceiro usa da própria violência para combater a violência, colocando-nos “diante da consciência de que se desenhou uma horizontalidade entre o herói e o vilão”, como escreve o curador Marcelo Campos no texto da exposição de 2018.
Ao levar às últimas consequências as suas pesquisas sobre as estruturas de poder e violência no Brasil, Vidor também consolida um pensamento crítico acerca da visão academicista e historiográfica da arte brasileira. Como se sabe, sobretudo a partir do século 18, artistas e outros profissionais europeus foram enviados ao Brasil por comitivas ibéricas para registrar o esplendor e a força da natureza, por meio de desenhos e textos. As comunidades nativas indígenas e os prisioneiros africanos escravizados eram frequentemente retratados mais próximos às imagens de animais do que de humanos, sempre em uma posição hierárquica inferior, expressão evidente da visão racista e xenofóbica. Essas dinâmicas se repetem na sociedade brasileira contemporânea, em que a visão que marginaliza se mantém e se afia.
A partir de densa pesquisa histórica, Vidor propõe intervenções sobre algumas das gravuras produzidas no século 19, por Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1869) e Johann Baptist von Spix (1781-1826), como forma de denúncia e resistência para lidar com esses problemas sociais, em que a bestialidade, a violência, a alegoria, o poder e o hibridismo são pontos fundamentais. O artista insere em reporduções dessas gravuras históricas a imagem do Batman – como o estereótipo de justiceiro e vigilante combatente do crime – e de Blanka – personagem do jogo Street Fighter, muito difundido no Brasil, que é símbolo de bestialidade, força e medo.
Esses trabalhos são apresentados pela primeira vez na exposição Contramemória, no Theatro Municipal de São Paulo, cujo vernissage aconteceu ontem, 18/4, e que está aberta ao público a partir de hoje. Com curadoria de Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, a exposição propõe uma revisão crítica sobre o contexto cultural da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada há exatos 100 anos no mesmo Theatro Municipal, e fica em cartaz até 5/6.
Em seu restabelecimento de vínculos com o Brasil, Vidor passa a trabalhar com a galeria Verve, em São Paulo [a galeria divulgou hoje, em suas redes sociais, a nova representação]. O artista planeja, inclusive, um retorno físico ao Brasil em breve, com projeto de instalar um ateliê com Jaime Lauriano em São Paulo, sua dupla no duo artístico Silêncio Coletivo. O duo realiza atualmente a exposição Paraíso da Miragem, na Kubikgallery (Porto), com trabalhos desenvolvidos nos últimos dois anos por Lauriano e Vidor acerca de traumas e violências na história do Brasil. A mostra em Portugal fica em cartaz até 18/6.
Texto originalmente publicado na seLecT, em 19 de abril de 2022
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Igor Vidor, Besta-fera, 2019.
Igor Vidor na residência Pro Helvetia, em Zurique, na Suíca. Foto: Gabriela Gava, 2022.